Por
Bérgson Frota
Foi numa festa junina, um
belíssimo São João, e lá dançava Maria Jurema, flor de mulher, pedaço de
perdição, desejada pelos caboclos com seu corpo de violão.
Surgiu um cabra forte, e também de
muita sorte, que nas graças da mulata não demorou a cair. O sujeito era João
Trancoso, matador de aluguel.
Mas a sorte é bicho estranho, para
dizer o cordel. Fizeram par na quadrilha, e por todos que os viam, do chão até
a lua no céu, surgia escondida e calada a inveja cruel.
Trancoso rodopiava, feito vento na
caatinga. Maria Jurema acompanhava ligeiro pra baixo e pra cima.
A quadrilha era dançada por muitos
pares de fila, mas era Trancoso e Jurema que guiavam toda a trilha.
A festa, a música e a animação fez nascer no
homem bravo o amor no coração.
Maria
Jurema sentia o coração conquistado, a
lhe acordar o desejo pelo homem encantado.
Abraçou João Trancoso e sem medo lhe beijou,
foi tempo de se contar, parecia até então que não ia acabar, o beijou
acompridado selou o amor dos dois.
No
fim da festa junina, o casal não mais foi visto.
João Trancoso
“roubou” Jurema, e sumiram da região.
Com o
tempo ficou a lenda do casal que se formou numa festa de São João e por destino
marcado nunca mais retornou.
Alguns dizem que Jurema mudou o rumo de vida
que Trancoso escolheu, que fez dele homem justo com o muito carinho que deu.
Por seu lado Trancoso virou pai dedicado, de
uma prole tão grande pelo Ceará espalhado, a única que ainda ficou chamava
Maria Rita, e esta nunca casou, cuidou dos pais na velhice e mais bela tornou,
feito feitiço da terra que dela se apaixonou.
E ainda há de se encontrar a filha
da linda Jurema, tão bela como uma flor e valente feito o pai, fato que também
herdou. Como a mulher nordestina, confirmando assim a sina, forte e muito
mimosa, cheia de prenda e estima uma mulher corajosa.
Foto
:vanuzapantaleão.blogspot. com
BÉRGSON FROTA, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.
1 Comentários:
Nossos agradecimentos ao professor Bérgson Frota por sua bela crônica. Obrigado, mestre!
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