Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

6.5.12

NOITE DE LOBISOMEM


Por 
Bérgson Frota

Uma cidade do interior como cenário.
A lua cheia, com fracas, mas gasosas nuvens a riscar o céu.
Em torno daquele velho e respeitado senhor em sua cadeira de balanço, várias crianças.
E a narrativa a nos causar medo.
Falava do lobisomem, e ouvindo mais procurávamos a nos aproximar um do outro.
Era em Ipueiras, no tempo de quando ainda criança.
“O homem então se impacientava, e corria para o mato perdendo-se no fechado mata-pasto, rolando-se no chão de mato já amassado, e lá no céu a lua ainda a influenciá-lo. As mandíbulas começavam a crescer parecendo as de um cão, as órbitas arredondavam-se e passavam a ter cor amarelada.
Pêlos começavam a cobrir-lhe o corpo, o rosto. As orelhas acompridavam-se e o nariz virava focinho a lembrar o de um urso. As unhas das mãos e dos pés cresciam, as presas se tornavam proeminentes. A  pele engrossava e amarronsava-se , por fim aquele ser monstruoso uivava com força para a lua.”
Nós ficávamos com os olhos vidrados no narrador, imaginando a horrorosa transformação. De forma que não sei explicar havia a necessidade do medo, do susto para nossa criação, para o nosso crescimento cognitivo. 
“Correndo pelas matas escuras, arrodeando a cidade, como se a buscar uma presa, que se aventurasse na escuridão.”
Olhávamos um para o outro como a confirmar um pacto mudo já feito de voltarmos juntos para casa.
“Assim ele atacava qualquer criatura, homem, mulher ou criança, e também animais. Sendo que se fosse gente, na próxima noite de lua cheia, também ia virar um lobisomem.
Só uma bala de prata no coração poderia abatê-lo, e libertá-lo da maldição.”
O nosso narrador dava uma pausa, olhava para a lua e dizia :
--- É, hoje é dia de lobisomem !
Ficávamos calados como hipnotizados pelo medo.
--- Vão com cuidado pra casa, até eu já vou me recolher.
Confirmávamos e começávamos a sair juntos.
Olhávamos para o céu vendo a lua cheia que parecia a nos lembrar da fera que naquela hora estava certamente cercando, e esperando na escuridão das matas próximas, o incauto que diferente de nós, não havia sido alertado que a noite era de lobisomem.


Desenho : dallianegra00.blogspot.com                                                                           
                                                                                      

BÉRGSON FROTA, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.

3 Comentários:

Blogger Jean Kleber disse...

De volta o professor com uma crônica interessante sobre as crenças de nossa cidade. Parabéns, mestre!

6.5.12  
Anonymous Valdeci disse...

Valeu professor, sábado passado foi com certeza dia de lobisomem, só pelo tamanho da lua dava medo. Parabéns pelo texto.

7.5.12  
Anonymous Denílson Farias disse...

Fantástico a crônica, gostei de como a narrativa é feita, até chega a assustar. Parabéns ao autor.

11.5.12  

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