SAUDADES DE IPUEIRAS
*
Por
Dalinha Catunda
*
Ipueiras dos meus tempos,
Como posso não lembrar.
Do Cristo de braços abertos,
Dos banhos no Jatobá.
*
Dos passeios na avenida,
Dos namoros ao luar.
Da bandinha anunciando,
Os festejos do lugar.
*
Das mensagens que eu ouvia,
Na rádio Vale do Jatobá.
Quase sempre oferecida,
Por quem dizia me amar.
*
Das quermesses, das novenas,
Como posso me esquecer.
Do toque da alvorada,
Embalando o amanhecer.
*
A procissão que passava,
Levando a santa no andor.
E o povo compenetrado,
Cantando em seu louvor.
*
Ecoa em meus ouvidos,
Saudoso aquele grito.
Do menino que passava,
Com a tábua de pirulitos.
*
Olha o pirulito! Gritava,
Com sua tábua na mão,
E assim adoçava a infância,
Daqueles tempos de então.
*
Cadê o seu Zeca Bento,
Com sua calçada cheia?
Cuspindo numa latinha,
Toda forrada de areia.
*
Era a roda mais famosa,
Que existia em nossa aldeia.
Debatia-se qualquer assunto,
De política a vida alheia.
*
E o seu Idálio? Era tido
Como o doutor do lugar.
Remédio para o corpo e a alma,
Só ele sabia passar.
*
Figura saudosa e marcante,
Era o velho Camaral.
Mestre em puxar cordões,
Nos bailes de carnaval.
*
O carnaval de Ipueiras,
Tinha a sua tradição.
De dia brincavam na rua,
De noite era no salão.
*
O testamento do Judas,
As fogueiras de São João,
São saudades permanentes,
Juntamente com o chitão.
*
Quem não chorou ou sorriu,
Na praça da estação,
Esperando o trem que passava,
Levando e trazendo paixão.
*
Os banhos de açude!
Meu Deus! Que animação.
Às vezes no Pai Mané,
Outras no Lamarão.
*
Ah! Tempos maravilhosos.
Oh! Doces recordações.
Tempos de seresteiros,
De donzelas, de canções.
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As fotos da cidade são do site oficial. A da banda é do acervo do ipueirense Tadeu Fontenele.
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Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).
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NOTA DO BLOG: ficamos, eu e Bérgson Frota, que foi padrinho de Dalinha nesta apresentação, em dúvida sobre "Minha Canção do Exílio" e "Saudades de Ipueiras", duas preciosidades de sua obra. A própria autora manifestou-se a favor de "Saudades de Ipueiras". Ei-la.
7 Comentários:
Mais uma vez ela arrasou. Obrigado Bérgson pelas idéias. Obrigado Dalinha por ser esta poetisa intensa a galvanizar-nos. Valeu demais!
Parabenizo o blog pela excelente postagem, na verdade ninguém melhor qualificável do que a própria autora para escolher seu trabalho mais significativo. No entanto Dalinha Catunda é plural,no rico trabalho que gera, fico feliz por aplaudir este poema e Minha Canção do Exílio. Que este ano lhe inspire mais ainda e traga para nós ipueirenses mais orgulho. Parabéns.
Lindo Dalinha, amei esta homenagem que seus amigos lhe fizeram e eu como admiradora aprecio.
Jean Kleber,
É muito bom receber suas palavras que lidas transformam-se em incentivo.
Mais uma vez quero agradecer ao meu amigo Bérgson, que sempre me incentivou e apadrinhou-me desde sempre.
Lurdinha, também adorei meu ego ta lá "emriba"
Meu abraço e meus agradecimentos a todos.
Dalinha,
Apesar de não aconhecer, te admiro muito, pois suas poesias fazem agente viajar no tempo, nascido em Ipueiras e tendo vivido a infância e adolescencia nesta "pacata e hospitaleira cidade" como falava o locutor da radio existente na cidade na época, os seus versos só falam a verdade do que vivemos nessa época, parabéns....
dalinha meu nome e cibele,moro nos Estados unidos ja a 20 anos, nasci em ipueiras,entre as coisas bonitas que guardo da infancia esta ipueira, joje procurando o site do banco do brasil encontrei seu blog,Amei!,adorei, e voce e linda,escreve bonito, e mi levou de volta, ao videl, alto do cristo,avenida a noite escutandoas musicas do amplificador, te amo ,um beijo, CIBELE-B-I-A
Olá Edivan,
Obrigada pelas palavras carinhosas, e eu, que também vivo distante de Ipueiras tenho esta mesma saudade.
Olá Cibele,
Que prazer ter tão doce pessoa comentando falando sobre Ipueiras e falando de meu espaço sagrado que é Ipueiras e falando das mesmas que vivi.
Um beijo grande Cibele,
Apareça mais
Dalinha
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