Por Marcondes Rosa de Sousa
O Povo – 03.03.08
.
Como seus rios, alterna-se o Ceará. Dos solidários surtos das cheias aos solitários das cercas, as cacimbas cavadas nos leitos secos. Da arte à política: a União pelo Ceará, com Virgílio (anos 60); o Pró-mudanças, com os "jovens empresários do CIC" a unir-nos "contra a miséria e o clientelismo político" (Anos 80).
.
De novo, as hegemonias nossas em cacos. Nós, no País e na região, atrás. Agricultura, nem a familiar. Indústria, a construção civil tão só, em curtas pernas. Emprego e turismo em baixa. Só o efêmero das bolsas: as do mercado e a "família".
.
Em tal quadro, o CIC propondo-se untar-nos. Críticas: "Não é mais o mesmo de outrora, falta-lhe o carisma de um Celso Furtado, guru dos 80!". Discordo. Os ciclos vêm-nos e vão-se de 15 a 18 anos (dizia Celso). Lá nos 80, a democracia era-nos o amanhecer. Agora, cacos são caos, o novo sal da democracia de agora: não mais "império da maioria", mas o dialogar das minorias, orquestrado pelos dissonantes acordes da bossa-nova... Tempos, os de hoje, do "pensamento complexo" e do "caos produtivo", onde se harmonizam o tato político, os gestores (estatais e sociais) e o mundo intelectual, no abraço das inteligências múltiplas, a pactuar valores e dar verbo ao poder.
.
Hora de novo pacto social. A educação - da infantil à acadêmica (escolar, social e permanente)- vista indústria científico-cultural a formar capital humano. O crescimento a se metamorfosear em sustentável desenvolvimento, a mirar o longo amanhecer dos sonhos de Celso Furtado. O País na clássica pauta da "unidade na diversidade". O "ethos", feito lei, na trilha da responsabilidade social, ensaiando passos a transpor o "integrar para não entregar" do Projeto Rondon, sob o diapasão das dissonâncias em produtivos acordes: a democracia, caleidoscópio multicultural a nos integrar.
__________________________________
Foto: Centro de Vivência da Universidade de Brasília. Acervo do Blog.
__________________________________
Marcondes Rosa de Sousa, advogado, é professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual do Ceará (UECe). É uma das maiores autoridades em educação do Brasil. Ex-presidente do Conselho de Educação do Ceará e do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação, é Colunista do jornal " O Povo ", onde mantém seus artigos quinzenais.
1 Comentários:
Prof. Marcondes nos honra com mais um artigo analisando o momento político do seu país e do seu Ceará. Parabéns.
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial