Por
Luiz Alpiano Viana
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Ipueiras não se encolheu, não ficou calada, nem tremeu assustada com a velocidade que o século XXI impôs às Nações; não fugiu do progresso e muito menos das reviravoltas da vida política nacional.
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Seu povo está atento, principalmente os atuais vereadores que trocaram os nomes de algumas das principais ruas tidas como seculares e históricas; esses logradouros públicos levavam o nome de homens cuja folha de serviço prestada à cultura e às artes é visível e inegável. Parece-me que os vultos históricos a que me refiro nada fizeram pela cidade ou pelo País.
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Provavelmente nossos parlamentares não tiveram acesso à sua biografia e por isso os expurgaram, penso que sem maldade, do arquivo memória da cidade. Não quero aqui tratá-los de desrespeitosos com a coisa pública. Contudo, uma simples consulta através dos meios de comunicações locais, teria apontado a vontade popular para a realização de tais mudanças.
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Nas grandes democracias o povo é o poder, o governo e a decisão final de tudo. O povo é o termômetro, e assim sendo, sua vontade tem que ser respeitada porque é soberana e democrática.
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Emociona-me a reforma de restauração feita pela Prefeitura no prédio da Estação. Transitei por entre operários e matei eternas saudades. Depois de voltear à construção senti falta do sino que anunciava a chegada e a saída dos trens de passageiros.
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Também não encontrei o relógio de parede em algarismos romanos que media sem reclamação a passagem do tempo. Consultei-o várias vezes durante o dia, à noite e até de madrugada. Deve ter sido aposentado, quem sabe! Está cansado, já trabalhou sem parar durante décadas. Não imagino que o tenham destruído! Não é possível! Deve estar em algum lugar bem protegido.
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Outro calçadão semelhante ao do Açude da Rua escorrega-se pela margem da linha férrea e termina também num posto de gasolina. Há muita semelhança entre os dois. Esse é apenas menor que o outro, mas foi construído com o mesmo requinte e profissionalismo dos bons mestres da atual construção civil. Bem iluminado, arquitetonicamente belo, atrai adultos e jovens para as caminhadas matinais e noturnas que só preserva a saúde. Tanto um quanto o outro são cartões postais da cidade que é minha, que é sua, que é nossa! Eles vestem a cidade de um impressionismo saudável em que o visitante se sente à vontade e quer permanecer por mais tempo.
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São os Calçadões alguns dos pontos cumulativos e enriquecedores da propaganda turística do município. Mais para o centro da cidade já existem ruas asfaltadas. Há também Praças reconstruídas com a ousadia refinada de paisagistas de nomeada.
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No alto do Cristo Redentor vêem-se um emaranhado de torres e antenas que caracterizam o avanço de tecnologia de ponta. Em se tratando de matéria de comunicação, Ipueiras não ficou de fora da arrancada abrupta da tecnológica, foi globalizada também e ver o mundo com os mesmos olhos das grandes nações do ocidente.
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Em minha cidade, sábado sempre foi sinônimo de feira. Atualmente há feira todos os dias da semana. Frutas, legumes e verduras são encontrados até de madrugada. O comércio também cresceu assaz, embora sejam poucos os comerciantes de minha época. Não mais existem Pedro Aragão, Guarani, Luiz Aragão, Antônio Luciano nem Simãozinho na esquina da Esplanada com seu serviço de alto-falantes.
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Os jovens daquela época namoravam de verdade e se amavam como ninguém. Diz Zélia Gatai: "nos anos 60 e 70 não se ficava, mas, namorava-se como nunca e morria-se de amor". Vivi a época mais linda do romantismo de todos os tempos. Há motivo para dizer que era feliz e não sabia!
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Mais para o centro da cidade já existem ruas asfaltadas. Há também Praças reconstruídas com a ousadia refinada de paisagistas de nomeada.
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Entristeci-me, pois, por não ter visto minhas professoras Adelaíde Marques Cavalcante e D. Alice. Elas deixaram na juventude a marca do bem. Oxalá haverão de viver por muito mais tempo para modelarem as novas gerações de mestres e professores. Elas são verdadeiras pérolas e nunca deixarão de praticar exemplos de cidadania. Eu sinceramente não consigo esquecê-las.
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Ninguém esquece mesmo dos belos momentos, das alegrias e também das tristezas. Por menor que seja a recordação o ipueirense anota e escreve. Faz rimas, poemas, contos e crônicas com um único objetivo: louvar a cidade em que nasceu. O ipueirense é homem feliz, tem prazer de viver e é grato pelos frutos que colheu. Faz questão de não perder sua identidade matuta e cabocla.
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Quem nasceu ou viveu nessa cidade pode até morrer bem longe dela e por lá se enterrar, mas mesmo assim sua alma voltará e dirá para todos: Obrigada!
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Foto: Praça do Centro da Cidade. Antiga Praça Getúlio Vargas.Acervo do blog Suaveolens.
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Luiz Alpiano Viana, nascido e criado em Ipueiras, morou mais tarde em Crateús. Atualmente é funcionário aposentado do Banco do Brasil. Morou no Distrito Federal até meados de 2007 quando finalmente voltou a morar no Ceará, em Fortaleza.
4 Comentários:
Eis a segunda e ultima parte do artigo de Luiz Alpiano Viana, acerca de sua recente viagem a Ipueiras. Um relato valioso para a história da cidade, com a apreciação do presente e a evocação do passado feliz.Parabéns.
Parabéns Alpiano, gostei de sua narrativa a evocar o passado e presente de nossa Ipueiras, e caso queira saber informação de uma de suas prof. a Adelaide Cavalcante, ela mesmo morando em Fortaleza está sempre na terrinha, atualmente é ela quem está a dirigir o Instituto Frota Neto, portanto agora visitando ips será mais fácil encontrá-la ou contactá-la. Abraços e feliz regresso ao suaveleons. Teresinha (do seu Tim)
Parabéns,adorei a segunda parte.Ë uma narrativa com uma riqueza de detalhes maravilhosa.Se todos amassem e exaltasse a cidade onde nasceu como vc o faz,o nosso Brasil seria muito melhor.
Alpiano,
Eu acho que Ipueiras cresceu muito em ruas, praças e bairros.Com tantas novas ruas, poderia homenagear, pessoas queridas que fizeram parte de nossa históris sem jamais substituir nomes de ruas, praças e outras construçães que eram tradicionais em nossa terra. Eu acho que essas mudanças, antes de concretizadas deveriam ser apresentadas aos ipueirenses para saber a opinião deles.
E digo mais,alguns dos novos nomes, hoje, viraram motivo de piada.
Parabéns por esse seu olhar amplo e não paternalista sobre uma Ipueiras que é amada e criticada por você conforme requer o momento.
Dalinha Catunda
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