VOCÊ TAMBÉM FAZ PALESTRAS? PAGAM BEM?
Por
Jean Kleber de Abreu Mattos
Um orientado meu do Curso de Pós-graduação em Agronomia destacava-se dos demais alunos por sua idade provecta. Assim como eu
no passado, resolvera pós-graduar-se após os cinquenta. Dizia-me ele que
pretendia em futuro próximo fazer o doutorado para atuar em projetos de sustentabilidade
e ser um conferencista. Viajaria Brasil afora fazendo palestras sobre o tema.
Perguntei então quem financiaria tão
excitante empreitada e ele me disse: “tenho meus contatos”. Nada mais
perguntei.
Lembrei-me da etnofarmacobotânica
Maria Thereza Lemos de Arruda Camargo, em companhia de quem viajei nos anos
1990s pelo interior do Sergipe coletando plantas medicinais. Nós havíamos sido
convidados para uma mesa redonda no Congresso de Olericultura que estava em
curso em Aracaju. Na hora de sua alocução ela admirou-se ao saber que falaria
apenas quinze minutos, vinte no máximo. Reclamou então: “Escutem, vocês me
pagam passagem aérea e hotel para falar quinze minutos?...Que palestrinha cara,
hein?”
Na verdade nós não
cobrávamos pelas palestras. Havia o prazer de colaborar com o congresso e também
o efeito vitrine. Estávamos na mídia.
Sempre preferi os minicursos
de quatro aulas. A gente se sentia mais útil. Havia mais tempo para debates e
esclarecimentos. O pagamento não era nosso foco. No meu caso continua não sendo
até hoje.
Quando o convite era para
darmos um minicurso durante o conclave, dependendo dos recursos disponíveis, os
colegas organizadores ofereciam pagamento tipo hora-aula padrão da época, o
qual nos anos 1990s, regulava em torno de R$ 100
reais por hora para os colegas mais caros. Se queriam mesmo pagar, eu
cobrava apenas cinquenta. Atualmente, a hora-aula para minicurso de congresso em
Brasília parece estar em torno de R$ 200.
Palestras de ex-presidentes e
ex-ministros obviamente são muito mais valorizadas. Lembro-me do saudoso
ex-ministro da Fazenda, Dilson Funaro, do Governo Sarney, que após o diagnóstico
de câncer linfático, deixou o governo e dedicou os últimos anos de vida a fazer
palestras sobre os grandes problemas nacionais, como ele mesmo disse em uma
entrevista.
Em 2011 de acordo com a
mídia (O Globo), os preços de palestras de ex-ministros
da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central variavam de R$ 10 mil a R$ 30 mil cada.
Quando a palestra era no Brasil, o preço médio estaria em torno de R$ 20 mil. Quando no
exterior, o valor chegaria a R$ 40 mil ou R$ 50 mil.
A variação de
preços poderia se dever ao tempo de alocução ou à importância do evento. Quando
se tratava de ex-presidentes os valores eram maiores, podendo variar de R$100
mil (FHC) ou R$ 150 mil a R$250 mil (Lula).
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