Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

24.4.16

CONGRESSOS CIENTÍFICOS DE AGRONOMIA. O ENCANTAMENTO E A PACIÊNCIA. DEPOIMENTO DE UM DINOSSAURO.

CONGRESSOS CIENTÍFICOS DE AGRONOMIA. O ENCANTAMENTO E A PACIÊNCIA. DEPOIMENTO DE UM DINOSSAURO.

Por Jean Kleber de Abreu Mattos, Eng. Agr.

Estamos em 2016. Tenho 72 anos e participo de congressos técnico-científicos a mais de cinquenta anos. De alguns fui da Comissão Organizadora. Nos anos 1960s os congressos daquelas que hoje são grandes sociedades científicas em diferentes áreas da agronomia e afins, eram bem simples em sua organização. Era o começo de tudo.
A massificação das sociedades científicas trouxe a impossibilidade de se manterem orais todas as apresentações de trabalhos, o que era mais estimulante, sem dúvida, embora mais tenso. Prova de fogo para os novatos, que tinham que encarar um debate público.
Surgiu então a figura do “poster”. Ele tem normas, estilo até. Domínio do programa “Power Point” no mínimo, é necessário para se fazer um “poster”. Firmas existem que imprimem o “poster”. Colorido e caro.
Os resumos para os anais que hoje estão pelo menos na forma de CD, têm que estar salvos em PDF, que é um programa que impede que o texto seja corrompido por outrem. Com a concorrência atual e as possibilidades de adulteração criminosa, há que se prevenir. Sempre peço a meus colegas que têm o tal programa no computador, que salvem meu resumo como tal. Uma ajuda.
No computador buscamos o arquivo em PDF eleito, mediante o campo “procurar” e, uma vez anexado, o enviamos. O sistema somente abre a chance, óbvio, se constar nele que a nossa inscrição foi feita. Daí ganhamos uma senha...seguem–se mais algumas operações...
Recentemente resolvi quitar meu débito com uma sociedade científica. Fui informado de que deveria acessar um site especializado em cobrança usar o cartão de crédito e registrar lá o pagamento no link da sociedade. Pedi ao meu filho que me ajudasse.
Um e-mail do tipo “no replay” me diz que um assessor julgará previamente meu resumo. Seleção. É justo. Sem esse cuidado peças absurdas poderiam chegar ao conclave. Afirmações insustentáveis poderiam ser apresentadas gerando constrangimento e desprestígio. Portanto, necessário se faz que um notável aprove o meu resumo. Incógnito, claro. Eu não posso conversar, argumentar com ele de corpo presente, via de regra.
Se aprovado por AD HOCs notáveis, o resumo pode ser apresentado. O pesquisador, que teve que pagar previamente a inscrição após aprovação, deve comparecer ao conclave. Se por ventura algo o impedir de estar presente, seu resumo poderá não constar dos anais por “não apresentado”, dependendo, claro, das normas.
Há o risco de, se não comparecer, o congressista não receber o material do conclave mesmo tendo pago a inscrição, o que não tem ocorrido felizmente, bastando solicita-lo à Comissão. O nível de profissionalismo e organização da Comissão são determinantes neste caso. Já aconteceu do congresso ser muito concorrido e o material se esgotar. Comum hoje em dia congressos com número de inscrições limitadas.
O congressista também deve, em alguns casos, enviar um resumo tipo expandido. Garantia da autenticidade da pesquisa. Às vezes o resumo menor é rejeitado por razões burocráticas. Digamos, porque faltaram duas linhas à guisa de introdução, num resumo de quatrocentas letras. Esta censura às vezes é capciosa. Trata-se de um expediente para reduzir o número de trabalhos, consoante a capacidade do congresso.
Se ele conseguir comparecer, e para isso sua empresa geralmente o custeia, vai perceber que entre centenas de congressistas, uns dois ou três interessados estacionam em frente ao seu “poster” e o comentam. Geralmente seus amigos. Um ou outro lhe pede que conte uma piada.
Em agronomia nos velhos tempos proliferavam os trabalhos sobre competição de variedades, efeitos da adubação, época de plantio, controle químico da pragas e doenças, entre outros igualmente simples. Hoje destacam-se os trabalhos na área molecular. Sinal dos tempos.
Mas o que está se tornando um fenômeno, é o caráter impessoal das operações. Cada vez mais as decisões pertencem a um computador bem programado. Não fosse isso seria impossível administrar um congresso até de tamanho médio. Administração aliás, feita por firmas especializadas. Interagimos, portanto, ao participar do evento, com pessoas que não são nossos pares e sim executivos de uma programação padronizada. Nunca nos viram “mais gordos”. Um amigo meu, fundador da associação que promovia o congresso, esqueceu o crachá no hotel. Foi impedido de entrar no recinto e não entraria se o presidente do conclave não o tivesse reconhecido e providenciado outro crachá. Normas de segurança. Muito justo. Já tive um “poster” surrupiado num congresso, antes da apresentação.
Portanto, os congressos artesanalmente “feitos” por professores e estudantes, são coisa do passado, remontando ao início da formação das sociedades que tanto cresceram.

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