Jean Kleber A. Mattos (Eng. Agrônomo, Dr. em Fitopatologia)
• Brugmansia
suaveolens G. Don. (Syn. Datura
suaveolens Willd)
• Nomes
comuns: saia-branca, trombeteira-branca, trombeta-branca, trombeta-cheirosa,
aguadeira, babado, sete-saias, zabumba-branca (nordeste).
• Família
botânica: Solanaceae
Partes
tóxicas: a planta toda
• Princípios
ativos tóxicos: alcalóides tropânicos e seus isômeros: escopolamina (hioscina), atropina
(-hiosciamina)
• Sintomas:
náusea vômito, edema cutâneo, secura de mucosa – ocular e bucal –taquicardia,
confusão mental, alucinações, vertigens, convulsões, dilatação das pupilas
(midríase).
• Chá das
folhas para cólicas menstruais no NE (uso etnobotânico).
• RISCOS
DE INTOXICAÇÃO
• Crianças-busca de néctar
• Adultos: identificação e uso equivocado, busca de
cura ou estupefaciência, overdose.
• Brugmansia suaveolens (TROMBETA) Fonte: acervo do autor
• ALCALÓIDES
TROPÂNICOS
• A
Atropina é um alcaloide tropânico de origem vegetal que possui efeitos
anticolinérgicos. Sua atuação periférica ocorre sobre os sistemas
cardiorespiratórios, nervoso central e digestório. Entretanto, se utilizada em
dose excessiva, os efeitos são exacerbados promovendo um quadro de intoxicação.
• A
Hiosciamina é um alcalóide tropânico e levo-isômero da atropina. Alguns dos
efeitos secundários da intoxicação incluem ressecamento na boca e garganta,
visão borrada, agitacão, mareios, arritmias, sufocos e desmaio. Uma sobredose
pode causar dor de cabeça, vômitos e sintomas do sistema nervoso central como
diarréia, desorientacção, alucinações, euforia, expressões afetivas
inapropriadas, perda da memória em curto prazo e possível coma em casos
extremos.
• Escopolamina
é um alcalóide obtido bastante de Datura metel L. e Scopola carniolica.
(daí o seu nome). A escopolamina e seus derivados quaternários agem como antimuscarínicos
como a atropina, mas têm mais efeitos no sistema nervoso central. Entre
os muitos usos estão: como pré-medicação anestésica, na incontinência urinária,
no enjôo, como antiespasmódico, midriático e cicloplégico (que paralisa o
músculo ciliar, músculo que controla o cristalino). Encontrada no medicamento Buscopan.
• Efeito muscarínico:
é o efeito semelhante ao da intoxicação com o alcalóide muscarina (do
fungo venenoso Amanita muscaria), isto é: ação cardiotônica e
diaforética (que aumenta a transpiração, o suor). A muscarina atua como
parassimpaticomimético e provoca o aumento de diversas secreções (saliva,
suor), assim como broncoconstrição e estimula o peristaltismo intestinal.
• Ação da ATROPINA no tratamento dos
envenenamentos agrícolas (inseticidas fosforados e carbamatos por exemplo): corrige exatamente os sintomas muscarínicos, competindo com a acetilcolina a nível dos receptores ACh.
• A Acetilcolina
(ACh)
h) que é antagonizada pelos alcaloides tropânicos, é responsável por
causar os seguintes efeitos no organismo: broncoconstrição, dilatação de
esfíncteres no trato gastrointestinal, sudorese, aumento da salivação e miose.
Miose é um termo médico para a constrição (diminuição do diâmetro) da pupila.
É o oposto da midríase.
• A
figura seguinte mostra o funcionamento normal do organismo animal quando a enzima acetilcolinesterase (AChE) está atuando normalmente impedindo o excesso do neurotransmissor acetilcolina (ACh) e, ao contrario, os sintomas neurológicos graves que resultam do bloqueio da mesma enzima por um inseticida fosforado, resultando num acúmulo de acetilcolina (ACh).
Ilustração da ação da Acetilcolina e do
inseticida fosforado Malation a nível da fenda sináptica que fica entre dois neurônios.
ATROPINA E Escopolamina
A atropina
e a escopolamina diferem, quantitativamente, na atividade antimuscarínica,
particularmente na capacidade de afetar o Sistema Nervoso Central (SNC). A
atropina, praticamente, não apresenta efeitos detectáveis no SNC, nas doses
usadas clinicamente (0,5 a 1mg).
Por outro lado, a escopolamina tem efeitos centrais marcados, mesmo em doses
baixas. A base desta diferença está, provavelmente, relacionada com a maior
capacidade da escopolamina atravessar a barreira hematoencefálica.
Atualmente
a Atropa belladonna, UMA DAS FONTES DE ATROPINA, não é usada,
correntemente, em preparações medicamentosas. Apesar disto são lhe conferidas
várias propriedades:
Antiasmática (Folhas da planta fumadas no passado)
Relaxante
muscular (antiespasmódica)
Calmante
Diurética
Midriática: tem capacidade de dilatar a pupila, sendo aproveitado em exames
oftalmológicos
Datura stramonium L. (invasora)
Estramónio/estramônio, figueira-do-demo, figueira-do-diabo,figueira-do-inferno, figueira brava e zabumba.
Zabumba ou “Jimsonweed” (Datura stramonium) é um erva anual naturalizada encontrada na maior
parte do sul do Canadá e em várias regiões do planeta especialmente no Brasil.
Esta planta contem os alcaloides tropânicos que causam o envenenamento e a
morte nos seres humanos e nos outros animais.
O nome “Jimsonweed” tem origem num caso de
envenenamento humano em Jamestown, Virgínia, quando os soldados de um
acampamento foram envenenados ao ingerir a planta que contaminou acidentalmente
uma salada preparada por um cozinheiro chamado Jimson e sofreram então delírios
e alucinações. As sementes e as folhas são usadas às vezes deliberadamente para
induzir intoxicação.
As crianças
são atraídas por flores grandes e intoxicam-se após sucção do néctar da base de
flores ou ao ingerir as sementes.
Ocorrências
de intoxicação humana são mais frequentes do que o envenenamento de animais conforme
relatórios recentes da literatura. Animais de todos os tipos podem ser
envenenados. A literatura menciona envenenamento de bovinos, caprinos, cavalos,
aves, ovinos e suínos.
Devido ao
forte odor e sabor desagradável da planta, animais consomem-na somente quando
outros alimentos não estão disponíveis.
As sementes
são às vezes processadas com outras sementes e já causaram problemas (Cooper e
Johnson 1984, Cheeke e 1985 Schull, Lampe e McCann 1985).
Datura metel. Fonte: acervo do autor
• A
Escopolamina ou Hioscina é um dos principais agentes anticolinérgicos e
antiespasmódicos, dos derivados dos alcaloides encontrados originalmente na
planta Atropa belladonna.
• O nome belladonna
se refere ao costume
feminino na Idade Média de se utilizar o colírio da Atropa antes de ir a
um baile para o olho ficar “bonito” (pupila dilatada).
• A
Escopolamina é um alcalóide encontrado em plantas da família Solanaceae, a exemplo da atropina, que
age como bloqueador colinérgico, nos receptores muscarínicos da acetilcolina,
apresentando efeitos antidismenorréico, antiarrítmico, antiemético e
antivertiginoso.
• Uma
overdose porém pode causar delírio, paralisia, torpor, ou mesmo morte em doses
elevadas. A Escopolamina está
contida no medicamento Buscopan.
• O
uso de Datura suaveolens (Brugmansia
suaveolens) como psicotrópico tem sido relatado.
BIBLIOGRAFIA
• Cheeke, P. R., Shull, L. R. 1985. Natural
toxicants in feeds and poisonous plants. AVI
Publishing Company, Inc., Westport, Conn., USA. 492 pp.
• Cooper, M. R., Johnson, A.
W. 1984.
Poisonous plants in Britain and their effects on animals and man. Her Majesty's Stationery Office, London, England.
305 pp.
• CORREIA, A.. Atropina e Hiosciamina – suas aplicações biológicas. Faculdade de
Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa. Janeiro de 2005.
• Goodman & Gilman’s. 2011. The
pharmacological basis of therapeutics. 10th edition. Pág. 164-166.
• Lampe, K. F., McCann, M. A. 1985. AMA
Handbook of poisonous and injurious plants. American
Medical Assoc. Chicago, Ill., USA. 432 pp.
• Putcha, L., Cintrón N.M., Tsui, J., Vanderploeg, J.M.,
Kramer, W.G. (June
1989). "Pharmacokinetics and oral bioavailability of scopolamine in normal
subjects". Pharm. Res. 6
(6): 481–5.
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