Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

22.7.15

ALGUMAS ESPÉCIES DO GÊNERO DATURA E SUAS PROPRIEDADES – BREVE COMPILAÇÃO

Jean Kleber A. Mattos (Eng. Agrônomo, Dr. em Fitopatologia)

 Brugmansia suaveolens G. Don. (Syn. Datura suaveolens Willd)
 Nomes comuns: saia-branca, trombeteira-branca, trombeta-branca, trombeta-cheirosa, aguadeira, babado, sete-saias, zabumba-branca (nordeste).
  Família botânica: Solanaceae
   Partes tóxicas: a planta toda
  Princípios ativos tóxicos: alcalóides tropânicos e seus isômeros:  escopolamina (hioscina), atropina (-hiosciamina)
  Sintomas: náusea vômito, edema cutâneo, secura de mucosa – ocular e bucal –taquicardia, confusão mental, alucinações, vertigens, convulsões, dilatação das pupilas (midríase).
  Chá das folhas para cólicas menstruais no NE (uso etnobotânico).
  RISCOS DE INTOXICAÇÃO
  Crianças-busca de néctar
  Adultos: identificação e uso equivocado, busca de cura ou estupefaciência, overdose.

           
Brugmansia suaveolens (TROMBETA) Fonte: acervo do autor

  ALCALÓIDES TROPÂNICOS
   A Atropina é um alcaloide tropânico de origem vegetal que possui efeitos anticolinérgicos. Sua atuação periférica ocorre sobre os sistemas cardiorespiratórios, nervoso central e digestório. Entretanto, se utilizada em dose excessiva, os efeitos são exacerbados promovendo um quadro de intoxicação.
   A Hiosciamina é um alcalóide tropânico e levo-isômero da atropina. Alguns dos efeitos secundários da intoxicação incluem ressecamento na boca e garganta, visão borrada, agitacão, mareios, arritmias, sufocos e desmaio. Uma sobredose pode causar dor de cabeça, vômitos e sintomas do sistema nervoso central como diarréia, desorientacção, alucinações, euforia, expressões afetivas inapropriadas, perda da memória em curto prazo e possível coma em casos extremos.
    Escopolamina é um alcalóide obtido bastante de Datura metel L. e Scopola carniolica. (daí o seu nome). A escopolamina e seus derivados quaternários agem como antimuscarínicos como a atropina, mas têm mais efeitos no sistema nervoso central. Entre os muitos usos estão: como pré-medicação anestésica, na incontinência urinária, no enjôo, como antiespasmódico, midriático e cicloplégico (que paralisa o músculo ciliar, músculo que controla o cristalino). Encontrada no medicamento Buscopan.
    Efeito muscarínico: é o efeito semelhante ao da intoxicação com o alcalóide muscarina (do fungo venenoso Amanita muscaria), isto é: ação cardiotônica e diaforética (que aumenta a transpiração, o suor). A muscarina atua como parassimpaticomimético e provoca o aumento de diversas secreções (saliva, suor), assim como broncoconstrição e estimula o peristaltismo intestinal.
  Ação da ATROPINA no tratamento dos envenenamentos agrícolas (inseticidas fosforados e carbamatos por exemplo): corrige exatamente os sintomas muscarínicos, competindo com a acetilcolina a nível dos receptores ACh.
    A Acetilcolina (ACh)
h) que é antagonizada pelos alcaloides tropânicos, é responsável por causar os seguintes efeitos no organismo: broncoconstrição, dilatação de esfíncteres no trato gastrointestinal, sudorese, aumento da salivação e miose. Miose é um termo médico para a constrição (diminuição do diâmetro) da pupila. É o oposto da midríase.
   A figura seguinte mostra o funcionamento normal do organismo animal quando a enzima acetilcolinesterase (AChE) está atuando normalmente impedindo o excesso do neurotransmissor acetilcolina (ACh) e, ao contrario, os sintomas neurológicos graves que resultam do bloqueio da mesma enzima por um inseticida fosforado, resultando num acúmulo de acetilcolina (ACh). 

Ilustração da ação da Acetilcolina e do inseticida fosforado Malation a nível da fenda sináptica que fica entre dois neurônios.

                                                          FONTE: acervo do autor

ATROPINA E Escopolamina
A atropina e a escopolamina diferem, quantitativamente, na atividade antimuscarínica, particularmente na capacidade de afetar o Sistema Nervoso Central (SNC). A atropina, praticamente, não apresenta efeitos detectáveis no SNC, nas doses usadas clinicamente (0,5 a 1mg).
Por outro lado, a escopolamina tem efeitos centrais marcados, mesmo em doses baixas. A base desta diferença está, provavelmente, relacionada com a maior capacidade da escopolamina atravessar a barreira hematoencefálica.
Atualmente a Atropa belladonna, UMA DAS FONTES DE ATROPINA, não é usada, correntemente, em preparações medicamentosas. Apesar disto são lhe conferidas várias propriedades:
Antiasmática (Folhas da planta fumadas no passado)
Relaxante muscular (antiespasmódica)
Calmante
Diurética
Midriática: tem capacidade de dilatar a pupila, sendo aproveitado em exames oftalmológicos

Datura stramonium L. (invasora)
Estramónio/estramônio, figueira-do-demo, figueira-do-diabo,figueira-do-inferno, figueira brava e zabumba.
Zabumba ou “Jimsonweed” (Datura stramonium) é um erva anual naturalizada encontrada na maior parte do sul do Canadá e em várias regiões do planeta especialmente no Brasil. Esta planta contem os alcaloides tropânicos que causam o envenenamento e a morte nos seres humanos e nos outros animais.
O nome “Jimsonweed” tem origem num caso de envenenamento humano em Jamestown, Virgínia, quando os soldados de um acampamento foram envenenados ao ingerir a planta que contaminou acidentalmente uma salada preparada por um cozinheiro chamado Jimson e sofreram então delírios e alucinações. As sementes e as folhas são usadas às vezes deliberadamente para induzir intoxicação.
As crianças são atraídas por flores grandes e intoxicam-se após sucção do néctar da base de flores ou ao ingerir as sementes.
Ocorrências de intoxicação humana são mais frequentes do que o envenenamento de animais conforme relatórios recentes da literatura. Animais de todos os tipos podem ser envenenados. A literatura menciona envenenamento de bovinos, caprinos, cavalos, aves, ovinos e suínos.
Devido ao forte odor e sabor desagradável da planta, animais consomem-na somente quando outros alimentos não estão disponíveis.
As sementes são às vezes processadas com outras sementes e já causaram problemas (Cooper e Johnson 1984, Cheeke e 1985 Schull, Lampe e McCann 1985).

    Datura metel.  Fonte: acervo do autor

    A Escopolamina ou Hioscina é um dos principais agentes anticolinérgicos e antiespasmódicos, dos derivados dos alcaloides encontrados originalmente na planta Atropa belladonna.
    O nome belladonna se refere ao costume feminino na Idade Média de se utilizar o colírio da Atropa antes de ir a um baile para o olho ficar “bonito” (pupila dilatada).
   A Escopolamina é um alcalóide encontrado em plantas da família Solanaceae, a exemplo da atropina, que age como bloqueador colinérgico, nos receptores muscarínicos da acetilcolina, apresentando efeitos antidismenorréico, antiarrítmico, antiemético e antivertiginoso.
   Uma overdose porém pode causar delírio, paralisia, torpor, ou mesmo morte em doses elevadas. A Escopolamina está contida no medicamento Buscopan.
    O uso de Datura suaveolens (Brugmansia suaveolens) como psicotrópico tem sido relatado.

BIBLIOGRAFIA
  Cheeke, P. R., Shull, L. R. 1985. Natural toxicants in feeds and poisonous plants. AVI Publishing Company, Inc., Westport, Conn., USA. 492 pp.
  Cooper, M. R., Johnson, A. W. 1984. Poisonous plants in Britain and their effects on animals and man. Her Majesty's Stationery Office, London, England. 305 pp.
  CORREIA, A.. Atropina e Hiosciamina – suas aplicações biológicas. Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa. Janeiro de 2005.
   Goodman & Gilman’s. 2011. The pharmacological basis of therapeutics. 10th edition. Pág. 164-166.    
   Lampe, K. F., McCann, M. A. 1985. AMA Handbook of poisonous and injurious plants. American Medical Assoc. Chicago, Ill., USA. 432 pp.
  Putcha, L., Cintrón N.M., Tsui, J., Vanderploeg, J.M., Kramer, W.G.  (June 1989). "Pharmacokinetics and oral bioavailability of scopolamine in normal subjects". Pharm. Res. 6 (6): 481–5.
     

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