Por
Bérgson Frota
Em junho chegava o período das
fogueiras, das festas de Santo Antônio, São João e finalmente São Pedro. Delas
a que mais brilhava era a de São João, também a mais conhecida e cantada.
Isso narro não para o tempo presente,
mas como a montar da memória retalhos. É de Ipueiras, ainda eu garoto ao ver do
alto do morro do Cristo a cidade à noite, cheia de fogueiras que mais pareciam
pontos fortes de luz oscilantes a variar entre o amarelo e o vermelho, das ruas
amplas às ruelas até findar-se nos braços alongados aonde a cidade ia por fim
acabar-se.
Havia lá as quadrilhas, as
quermesses, com sorteios para o benefício da paróquia e finalmente a devoção
aos santos de cada festa.
Balões riscavam o céu da pequena
cidade, uns a pender quase caindo, mas por fim subindo, outros já em queda
final e outros a subir até a vista finalmente apagar.
Cada santo tinha uma ligação com o
viver e o necessitar humano. Pobres padroeiros, responsáveis por tantas preces,
e ainda hoje há de se atestar quantas estão por atender.
Assim havia nas quadrilhas os
casamentos matutos, os lances hilários do padre e finalmente, na dança os
"anarriês" e "alevantous", resquícios das típicas danças
nobres francesas, perdidas da raiz e, incorporadas a uma tradição que de tão
rica por si se bastava.
Salões cheios de comidas. Aluás,
bolos de milho, cocadas, pés-de-moleque,batata doce, quentão e jerimuns
assados.
As festas juninas evoluíram, não
acabaram e quiçá nem hão de findar-se, mas no interior em muitas cidades
pequenas, ao atento observador, há de perceber ainda traços arcaicos
destas festas folclóricas, já não mais presentes nas realizadas em grandes
centros.
Expressão maior da alegria da alma
nordestina, pois na região inteira faz-se forte a tradição, segue sob o grande
luar e o céu estrelado a troca de pares na dança em que cavalheiros de
chapéu de palha e damas de longos vestidos de chita fazem num ritual da
dança a quadrilha junina, e ao dançarem nas noites que saúdam os santos, e
repetir a cada ano no mesmo mês tais festas, levam-nos a concluir que,
muitas coisas mudam, mas as essenciais permanecem, nelas o espíritos
junino do nordeste, fruto da alegria que este povo aprendeu a criar e ao mesmo
lançar no ato de tudo a comemorar.
Foto : www.fashionbubbles.com
Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzido artigos de relevância atual.
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