PorLuiz Alpiano Viana
O casamento de uma filha é o ato mais natural que existe hoje em dia. Sempre foi e continua sendo o maior sonho da mulher. Trata-se de uma festa previamente organizada, com decoração de igreja e local onde os noivos recebem os convidados.
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Atualmente as noivas passam o dia todo no salão de beleza e de lá só saem totalmente prontas para a igreja. Em alguns casos não se sabe onde os noivos ficam durante a lua de mel. Noutros, não há festa, nem a famosa viagem depois da cerimônia.
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Eu vivo uma situação inusitada, pois me caso no próximo dia 28 de novembro, com minha própria filha. Durante anos, nos moldes da Igreja Católica Apostólica Romana, nunca pensei em casamento por procuração. Muito menos me casar com minha filha em cerimônia normal. Parece estranho, mas é verdade. Fiquei-me matando por dentro e me perguntei por que logo eu e não outra pessoa? Por diversas vezes quis desistir e convidar alguém, um amigo, por exemplo, para ir por mim. Comentei, preocupado, o assunto com um amigo, e ele me aconselhou não desistir.
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Disse-me, pois, que Deus é a inteligência máxima do universo, tudo que faz é certo, e como me ama muito, apontou-me como o substituto oficial de meu genro. Disse-me mais, que sou um sortudo, pois pouquíssimos pais têm esse privilégio. Não dormi direito à noite, não me senti à vontade, pois na manhã seguinte, cedo, fui ao cartório para assinar a documentação. Hoje, as leis existentes no país permitem aos pais, quando na ausência de um dos noivos, substituí-lo por procuração pública.
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E é o que vou fazer e com muita honra. Agora, depois que assinei os documentos pertinentes, sinto-me mais à vontade e acho mesmo que minha felicidade dobrou. Vejo, entrementes, que fui presenteado mesmo pela vontade do Santo dos Santos. No dia do casamento vou vestir minha melhor roupa, minha melhor meia e calçar meu melhor sapato. Usarei minha caneta parker 21, relíquia dos anos de ouro da juventude, para oficializar a união desses dois jovens que se amam demais.
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Não sei quantas vezes já escrevi meu nome, porém, dessa vez, tenho que treinar boa caligrafia, aquele estilo antigo dos diplomas, aquela letra dos livros cartorários do Zeca Bento e do Wencery Félix de Souza. Dizem que aquele tipo - em manuscrito – é letra de velho! Meu Deus! Será que já sou velho! Vivo emoções de pai que ama como ninguém os filhos e netos. Na verdade ela é minha única filha mulher. Com os olhos em lágrimas, pediu-me que lhe tornasse casada. Não agüentei a emoção e chorei. Depois, no meu quarto, o choro foi mais forte, e, dessa vez, copiosamente.
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Pensando bem, é uma ação de carinho e de muita responsabilidade para um pai que é meio à antiga como eu. Sublime é entender que um ser superior me ordenou ao trabalho fértil do amor. Banhei-me de prazer e agora mostro para você, querido leitor, o tamanho de minha fragilidade e sensibilidade. Hoje sou o pai mais feliz do mundo. Além do mais, ela é carne de meu corpo e sangue de meu sangue.
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Eu sou de fato o pai que ela queria ter. Agora só agradeço. Não mereço tanto, Mestre!
.Foto: site casajuridica.com.br/.../caneta.contrato.jpg
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Aos 61 anos, o ipueirense
Luiz Alpiano Viana, é uma apaixonado por sua terra natal. As suas memórias e saudades de Ipueiras estão sempre presentes em suas crônicas, a exemplo de “Saudade” e “O astuto cirurgião”, narrativas que trazem de volta velhas e boas recordações. Tendo morado na cidade de Crateús/CE e em Brasília/DF, atualmente reside em Forteleza/CE e é funcionário aposentado do Banco do Brasil.
3 Comentários:
Alpiano de volta. Já estávamos sentindo falta de suas crônicas cheias de sentimento e vivência. Desfrutemos.
LUIZ MEU AMOR!COMPARTILHO COM VC ESSA IMENSA FELICIDADE QUE SEU CORAÇÃO ESTÁ SENTINDO!COMO PAI MARAVILHOSO QUE É,DEUS LHE PRESENTIOU COM ESSE MOMENTO QUE COM CERTEZA SERÁ SUBLIME!BEIJOS GRAÇA CHAVES
Olá Alpiano,
Parabéns pela interessante crônica e obrigada por dividir momentos tão especiais com os amigos.
Um abraço,
Dalinha
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