Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

31.3.07

SOBRE A PLANTA QUE DÁ NOME AO BLOG


Jean Kleber de Abreu Mattos
Agrônomo, Doutor em Fitopatologia.

No Ceará, felicitando a presidente do Grêmio Cultural e Desportivo Ipueirense, Dolores Aragão, por sua eleição em 2006, o cronista ipueirense Walmir Rosa assim se expressou: “Conheci o Grêmio nos alicerces. Brincamos (Vavá, Zé Adair, Melquisedeque, Bernardo e muitos outros) de esconde-esconde, na nossa infância, aproveitando o mata-pasto crescido no inverno, aspirando o perfume silvestre do bamburral (que cheiro gostoso e inconfundível). Depois, tive o prazer de freqüentá-lo algumas vezes, já pronto, em festas memoráveis (infelizmente foram poucas)”.
Peguei esse gancho “cheiro gostoso e inconfundível” e, por ser um fã desta planta invasora cheirosa, dei ao meu “blog” o nome Suaveolens, derivado do nome botânico do Bamburral, Hyptis suaveolens (L.) Poit., da família das labiadas.
Trata-se de uma erva fortemente aromática com 1,5 m de altura, ramos de secção quadrangular. As folhas são ovaladas com 3-5 cm de comprimento e 2-4 cm de largura apresentando margem serreada. A superfície inferior lâmina foliar é densamente pilosa. O pecíolo mede 3 cm.
As flores encontram-se em densos capítulos globosos, axilares, pedunculadas, distribuídas nas pontas dos ramos, estes com poucas ou pequenas folhas. O cálice apresenta-se com 5mm de tamanho na floração e 10mm na frutificação. A corola é azulada. Os frutos são secos, do tipo aquênio, com 1,2 a 1,5 mm de comprimento, discretamente entalhados na ponta.
Terrenos secos e abertos e de baixa altitude lhe são favoráveis. Também áreas perturbadas, beira de estradas, pastagens degradadas, florestas abertas onde o solo é bem drenado. No nordeste é muito comum nos sítios abertos do sertão, dos pés de serra e mesmo do litoral, formando grande manchas uniformes. A planta é nativa do sudoeste do México e América Central e foi utilizada como alimento por populações pré-colombianas na região. A espécie é largamente disseminada na América e Ásia tropicais. Em alguns lugares é considerada perniciosa para o gado.
Propaga-se naturalmente por sementes. Em casa de vegetação a propagação por estacas é bem sucedida. A produtividade projetada na Argentina chegou a 2.000 kg/ha de biomassa e 700 kg/ha de sementes.
O óleo essencial da planta difere na composição de acordo com a origem geográfica das plantas. beta-cariofileno, sabineno, 1,8–cineol, trans-α-bergamoteno, terpineno-4-ol, eugenol e fenchona têm sido relatados como componentes principais. A literatura relata vários quimiotípos da espécie.
A presença de elevado teor de cineol no óleo essencial de suas folhas permite seu uso como antigripal na forma de inalação com vapor d´água, mesmo quando secas.
A planta é utilizada como estimulante do apetite, para combater a indigestão, dor de estômago, náusea, flatulência, resfriados e infecção da vesícula biliar. A literatura brasileira menciona que as flores são béquicas, sudoríficas, antiespasmódicas e úteis no tratamento dos gotosos. O óleo essencial também apresenta propriedades antifúngicas e antibacterianas.
Por sua popularidade na medicina popular a espécie tem sido escolhida como tema para estudos químicos, farmacológicos e clínicos.

BIBLIOGRAFIA

AYERZA, R. (h) & COATES W. New industrial crops: Northwestern Argentina Regional Project. In: J. Janick (ed.), Progress in new crops. ASHS Press, Alexandria, VA. p. 45-51. 1996.
BRAGA, R. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará. Fortaleza-CE, Imprensa Oficial. 1960. 540 p.
CORRÊA, M. P. Dicionário da Plantas Úteis do Brasil. Rio de Janeiro. Instituto Brasileiro do Desenvolvimento Florestal. 1984. 6v.
LORENZI H. & MATTOS F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil. Nova Odessa –SP Instituto Plantarum. 2002. 512 p.
MALELE, R. S., MUTAYABARWA, C. K., MWANGI, J. W., THOITHI, G. N. Essential oil of Hyptis suaveolens (L.) Poit. from Tanzania: Composition and antifungal activity. Journal of Essential Oil Research JEOR, Nov/ Dec 2003.
PACIFIC ISLAND ECOSYSTEMS AT RISK (PIER). Hyptis suaveolens. 2003. 6 p.

2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Meu grande mestre Jean Kleber
Sempre inovando, com belas surpresas para todos.
Histórias (e estórias) incríveis, dá vontade de estar participando delas, mesmo as passadas.
Perde mesmo quem nunca comeu da fruta. Ou não empinava papagaio e matava passarinho com estilingue.
Cada um também tem suas Marietas e Carmindas, doces memórias.
Continue sempre assim, outros seguirão os passos do nosso grande mestre.
Parabéns, mestre. Carinho.
Lin Chau Ming
Botucatu - SP
(que reconhece, humildemente, sua condição de discípulo).

18.4.07  
Blogger Sartief disse...

Olá,
estou pesquisando uma espécie que aproxima-se da Bamburral, mas não tenho certeza se é a mesma. A foto está disponível na pasta Livro da natureza, no meu orkut. Se puder tirar essa dúvida, eu agradeceria imensamente. É a terceira foto.
http://www.orkut.com.br/Album.aspx?uid=13723716638024033424&aid=1203338400

1.7.08  

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