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6.6.15

O TEMPO DAS FESTAS JUNINAS


Por
Bérgson Frota

Em junho chegava o período das fogueiras, das festas de Santo Antônio, São João e finalmente São Pedro. Delas a que mais brilhava era a de São João, também a mais conhecida e cantada.
Isso narro não para o tempo presente, mas como a montar da memória retalhos. É de Ipueiras, ainda eu garoto ao ver do alto do morro do Cristo a cidade à noite, cheia de fogueiras que mais pareciam pontos fortes de luz oscilantes a variar entre o amarelo e o vermelho, das ruas amplas às ruelas até findar-se nos braços alongados aonde a cidade ia por fim acabar-se.
Havia lá as quadrilhas, as quermesses, com sorteios para o benefício da paróquia e finalmente a devoção aos santos de cada festa.
Balões riscavam o céu da pequena cidade, uns a pender quase caindo, mas por fim subindo, outros já em queda final e outros a subir até a vista finalmente apagar.
Cada santo tinha uma ligação com o viver e o necessitar humano. Pobres padroeiros, responsáveis por tantas preces, e ainda hoje há de se atestar quantas estão por atender.
Assim havia nas quadrilhas os casamentos matutos, os lances hilários do padre e finalmente, na dança os "anarriês" e "alevantous", resquícios das típicas danças nobres francesas, perdidas da raiz e, incorporadas a uma tradição que de tão rica por si se bastava.
Salões cheios de comidas. Aluás, bolos de milho, cocadas, pés-de-moleque,batata doce, quentão e jerimuns assados.
As festas juninas evoluíram, não acabaram e quiçá nem hão de findar-se, mas no interior em muitas cidades pequenas, ao atento observador, há de perceber ainda traços arcaicos destas festas folclóricas, já não mais presentes nas realizadas em grandes centros.
Expressão maior da alegria da alma nordestina, pois na região inteira faz-se forte a tradição, segue sob o grande luar e o céu estrelado a troca de pares na dança em que cavalheiros de chapéu de palha e damas de longos vestidos de chita fazem num ritual da dança a quadrilha junina, e ao dançarem nas noites que saúdam os santos, e repetir a cada ano no mesmo mês tais festas, levam-nos a concluir que, muitas coisas mudam, mas as essenciais permanecem, nelas o espíritos junino do nordeste, fruto da alegria que este povo aprendeu a criar e ao mesmo lançar no ato de tudo a comemorar.

                                Foto : www.fashionbubbles.com

Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzido artigos de relevância atual.

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