Por Dalinha Catunda
*
Nunca foi descaramento,
Nela não tinha maldade.
Apenas impulso, arroubos,
Sintomas da pouca idade.
Ovelha negra era agora
Bradava a sociedade.
*
Sua barriga crescia,
Seu vestido encurtava,
A cintura antes fina,
Dia a dia engrossava,
E seu filho feito a dois
Sozinha ela carregava.
*
Seguiu firme sua sina
Levando barriga e dor
Relembrava a mãe de cristo
Sufocava seu temor
Confiava no seu tino
E em Deus Nosso senhor.
*
Eram tantos comentários
Nenhum a envergonhou.
Com o nariz empinado,
Pra frente se aventurou
Segurou firme nos braços,
O que o ventre lhe ofertou.
*
Boa mãe é com certeza,
E a outro filho deu luz.
Continuou mãe solteira,
Sem achar ser uma cruz.
Saiu quebrando tabus
Pois regra não lhe seduz.
*
Apontada como exemplo,
De uma mãe bem sucedida,
Pelos que antigamente
Chamavam-lhe de perdida.
Ela ri com ironia
Das voltas que dá a vida.
*
Versos de Dalinha Catunda
Foto: Foto:pat.feldman.com.br
Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.Escreve no Jornal Gazeta de Notícias do Cariri, No Blog Jornal da Besta Fubana e No Blog do Lando. Faz parte da ACC (Academia dos Cordelistas do Crato) e da AILCA, (Academia Ipuense de Letras Ciência e Artes). É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).


Nenhum comentário:
Postar um comentário