SECA NÃO É CHORO DE POETA
Por
Dalinha Catunda
*
*
Se seca fosse só
lenda
Ou canto de
nordestino
Bardo chorando o
destino
Em rimas numa
contenda
Para ganhar grana ou prenda,
O que avistei no sertão
Seria só ilusão,
Loucura de minha
mente,
Que com certeza
demente
Só vê alucinação.*
Você que fala em progresso,
Projeto de irrigação
Vá visitar meu torrão
Porque lá terá acesso
Ao mais penoso processo
Duma seca de amargar,
Duma seca de amargar,
Gado querendo pastar,
Açude virando lama
E quando um vate reclama,
O doutor chega a zombar.
*
O orvalho ao amanhecer
Alegra o olhar cansado
Do camponês esforçado,
Que nem sabe o que fazer,
Vendo o sol resplandecer,
De água só seu suor
O mundo já foi melhor
Diz olhando para o céu
E abraçando seu chapéu
Da vida espera o pior.
*
Por isso caro doutor
Faça um trabalho de campo
Pegue com gosto no trampo
Eu lhe peço, por favor,
Só assim vou dar valor
As lições que você dita
Conheça nossa desdita
Para dar opinião
Visite o meu sertão
Não queira só fazer fita.
*
Texto e foto de Dalinha Catunda
Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).
postado por Jean Kleber | 9:13 AM

2 Comentários:
Dalinha como sempre a nos presentear com belas poesias.
Obrigada a você Jean Kleber, pela postagem e ao meu amigo Bérgson pelo comentário.
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