PorJOSÉ COSTA MATOS
Naquela mesma velha noite amiga, noite cristã, berço do Nazareno, um homem busca repetir, no soneto de Machado de Assis, a beleza espiritual que todos buscamos repetir agora. Sobra-lhe confusão na pergunta:
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Mudaria o Natal, ou mudei eu?
Porque estamos sem saber o que é Natal e o que somos, na passagem do aniversário do filho de Maria de Nazaré.
Mudaria o Natal, ou mudei eu?
Porque estamos sem saber o que é Natal e o que somos, na passagem do aniversário do filho de Maria de Nazaré.
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A propaganda consumista impõe enganos desse entendimento: arquiteta presépios, arruma jogos de luzes para o deslumbramento dos compradores. Mas desestimula as perguntas sobre os extravios humanos, em tantas encruzilhadas mal sinalizadas.
A propaganda consumista impõe enganos desse entendimento: arquiteta presépios, arruma jogos de luzes para o deslumbramento dos compradores. Mas desestimula as perguntas sobre os extravios humanos, em tantas encruzilhadas mal sinalizadas.
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Os magos procuraram rumo nas estrelas para o encontro do Natal. Trouxeram ouro, incenso e mirra para o Menino, nascido na manjedoura porque os pais não conseguiram lugar nas hospedarias de Belém. E nós não precisamos de rumos? Uma busca orientada exige que pensemos. E tudo nos induz a não pensar. Consumismo é isto.
Os magos procuraram rumo nas estrelas para o encontro do Natal. Trouxeram ouro, incenso e mirra para o Menino, nascido na manjedoura porque os pais não conseguiram lugar nas hospedarias de Belém. E nós não precisamos de rumos? Uma busca orientada exige que pensemos. E tudo nos induz a não pensar. Consumismo é isto.
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A ilusão de evitar a angústia é afundar no aturdimento. Para isso, as prateleiras das lojas estão repletas de uísques e champanhe vencedores das barreiras alfandegárias. Porque vêm do trabalho distante de outros povos, dão prestígios aos bebedores, além dos desejados desmontes da reflexão. E dirão: Jesus Cristo gostava também de festas, também bebia o seu vinho... Sim.
A ilusão de evitar a angústia é afundar no aturdimento. Para isso, as prateleiras das lojas estão repletas de uísques e champanhe vencedores das barreiras alfandegárias. Porque vêm do trabalho distante de outros povos, dão prestígios aos bebedores, além dos desejados desmontes da reflexão. E dirão: Jesus Cristo gostava também de festas, também bebia o seu vinho... Sim.
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Ele assumiu a natureza humana, exceto o pecado. Participava de festas. Aceitou o banquete oferecido por Zaqueu, o cobrador de impostos. Agradeceu as comidas especiais que lhe preparavam em amizade as irmãs Marta e Maria de Betânia. No entanto, não deixava de ir ao deserto, para as meditações que resgatam a verdade humana, em dias como estes, quando se adensa fumaceiro dos noticiários e há o risco de que as esperanças também anoiteçam.
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Ele não ficou insensível aos dramas dos pobres. As multidões o seguiam, sem comer por três dias. E lá estão, nos Evangelhos de Mateus e de Marcos, estas palavras da segunda multiplicação dos pães: ´Eu tenho pena dessa gente´. E ordenou que se multiplicassem os sete pães e alguns peixinhos. Comeram quatro mil, sem contar as mulheres e as crianças...´
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Mudaria o Natal, ou mudei eu?
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As filosofias dos últimos séculos mudaram a humanidade. Centraram as formas de vida na substituição de Deus por muitos deuses. E hoje são deuses a conta bancária; o apartamento de cobertura; o automóvel de luxo; o computador que desemprega operários; o prestígio da imagem na televisão... O esquecimento de Deus amesquinhou o significado do Natal. O vazio de Deus nas almas se povoou de medos. Medos, muitos pavores.
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Séculos antes de Cristo, Isaías falava dos direitos humanos à alegria, com o futuro nascimento do Nazareno. Um retorno à leitura do Profeta do Advento renova o entendimento do Natal como festa do espírito. Porque o Natal vivido apenas com uísque e champanhe e presentes não orienta a viagem da raça humana no tempo.
Séculos antes de Cristo, Isaías falava dos direitos humanos à alegria, com o futuro nascimento do Nazareno. Um retorno à leitura do Profeta do Advento renova o entendimento do Natal como festa do espírito. Porque o Natal vivido apenas com uísque e champanhe e presentes não orienta a viagem da raça humana no tempo.
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Mas é possível mudar a direção da mídia. Mudar o pensamento criativo. Mudar a luz negra pavorosamente fixa nas imaginações. Leão Magno, papa de 440 a 461, falou da teofania de Jesus Cristo: ´Alegremo-nos. Não pode haver tristeza no dia em que nasce a vida, uma vida que destrói o temor da morte.´
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Mas é possível mudar a direção da mídia. Mudar o pensamento criativo. Mudar a luz negra pavorosamente fixa nas imaginações. Leão Magno, papa de 440 a 461, falou da teofania de Jesus Cristo: ´Alegremo-nos. Não pode haver tristeza no dia em que nasce a vida, uma vida que destrói o temor da morte.´
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Natal, cristãos. Aleluia.

Diário do Nordeste – 23.12.07
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Ilustrações: www.geocities.com/.../simbolosdonatal.htm
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Esta crônica é um verdadeiro presente de Natal aos que fazem o Suaveolens! Uma crônica de Costa Matos! Costa Matos é o ipueirense poeta, escritor e contista premiado, membro da Academia Cearense de Letras! Desfrutemos!
ResponderExcluirSimplesmente fantástico, dispensa qualquer outro comentário. Parabéns.
ResponderExcluirJean Kleber,Parabéns pela postagem.
ResponderExcluirMais do que uma crônica, essa obra do Poeta Costa Matos, é uma lição de Natal.
Dalinha Catunda
Falar de Costa Matos é falar de Ipueiras, de cultura, de cidadania, de seriedade, de honradez. Honro-me em ser seu conterrâneo e como se não bastasse fui também seu aluno na Escola Normal Rural de Ipueiras. Os que fazem o Suaveolens receberam realmente um belo presente Natalino. Obrigado, Professor!
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