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10.9.14

O PICÃO ROXO


Por
Dalinha Catunda
*
Andei com uma dor nos quartos
Vejam que situação.
Aí me recomendaram
Tomar um chá de picão,
Saí me maldizendo
E fui logo dizendo:
Esse diabo tomo não!
*
Mas o doutor raizeiro
Correu atrás de mim
Me chamou lá num cantinho
E já foi dizendo assim:
Experimente o tal picão
Que  a sua situação
De dor vai chegar ao fim.
*
Olhei bem desconfiada
Pro vendedor de raiz
Foi quando senti de novo
Aquela dor infeliz
Era uma dor bem profunda
Subindo o rego da bunda
Se espalhando pelos quadris.
*
Eu tinha que me render
A tal fitoterapia
Mas uma dúvida atroz
De verdade me afligia
Será que o tal picão
É cipó ou solução?
A gente toma, ou enfia?
*
Era a dor me consumindo
Era bem grande a aflição
E tinha que ser do roxo
Pra fazer efeito o picão
Resolvi entrar no cipó
Se a dor de mim não tem dó
Não vejo outra solução.
***


Maria de Lourdes Aragão Catunda Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).

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