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31.3.14

QUANDO O JATOBÁ FAZ ENCHENTE


Por 
Bérgson Frota

Daquele rio que nasce em Ipueiras, lá longe, quase fronteira com o Piauí, a vista no inverno é de um verde de animar.
A seca é esquecida, e o rio parece um mar.
De águas barrentas primeiro para depois clarear.
No leito que desce forte, a formar redemoinhos, fazendo coroas no centro e pra outros crôas chamar.
Fazendo espetáculo esperado de esperança renovar.
E o povo daquela cidade, que já grande despertada, vai às pontes ver o rio, ver a força, ver a água a escorregar na terra que parte do tempo, só sentiu o sol esquentar.
A molecada, o povo todo em geral para lá vai se banhar. Correm pra “batizar-se”, na primeira cheia do ano que o inverno fez chegar.
Salve 2014, salve a cheia do Jatobá.
E como ano após ano, este ritual se repete, o rio vira e é, palco de grande alegria. É sinal, é simpatia, do bom inverno esperado.
O verde nas duas margens, os montes longe a pintar-se da igual esperança cor. Ano a ano a renovar-se.
Mas Jatobá, tu, que passas mais tempo seco, por que corres tão rápido ? Vai mais lento, demora-te, desce tuas águas menos veloz. Parece até que para nós tu só vem visitar.
Fica conosco.
Não secas, espera o Natal chegar.
E ele calado e rápido, continua seu caminhar. É a sua natureza, todos dizem, a mesma dos rios da terra, correm rápido por boa ambição, não tem vontade de nos deixar, mas cumpre a sina dos rios, tem ambição pelo mar.
Deixando-nos água no solo, cumprido a missão de inverno, cabe a nós aproveitar. E quando se ir de todo, nós iremos esperar, a próxima cheia do rio que para nós é um grande mar.

Foto : Acervo pessoal do autor

                                                                                  

                            
Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzido artigos de relevância atual. 

2 comentários:

  1. Parabéns, amigo pela bela crônica.

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  2. Márcio Catunda12.4.14

    Saudade do tempo que lá morava e tomava banho no nosso Jatobá. Beleza de foto.

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