MARGARIDAS
Por Muitos bairros da cidade de Nova York são extremamente sujos. Há lixo espalhado por todos os lados, apesar de existirem latas de lixos em praticamente todos os cruzamentos de ruas. O que mais se vê são garrafas PET, sacos plásticos, caixas de papelão ou isopor com restos de alimentos, papéis usados, dentre outros.
Mesmo nas estações de metrô ou dentro dos trens, as pessoas jogam muito lixo no chão, deixando aquela sensação horrorosa, pelo menos para mim. Sem nenhuma cerimônia, jogam o que não querem por todos os cantos. Pergunto: onde está a tão propalada educação das pessoas do Primeiro Mundo? Não sei, parece que está no mesmo lugar que a dos países em desenvolvimento, que eles tanto criticam. Não quero com isso dizer que no Brasil também não haja sujeira pelas ruas; há, e em muito maior quantidade, as pessoas também jogam tudo no chão, infelizmente.
Então, pelo que eu consigo perceber, a paisagem novayorkina está mudando, para pior, desde que cheguei aqui.
Por aqui, não existem trabalhadores de limpeza pública que ficam varrendo as ruas e calçadas, como no Brasil. De tempos em tempos, uma ou duas vezes por semana, passa um veículo com aquela vassoura giratória pelos meio-fios das ruas, fazendo um serviço mais bruto, mal acabado, que tira a sujeira grossa, deixando o restante ainda no chão. Não é aquele serviço de limpeza mais localizada, que deixa mais limpo mesmo.
Apenas determinados quarteirões no centro de Manhattan, onde o afluxo de turistas é maior ou a importância e riqueza das empresas ali localizadas é grande, há esse serviço, porém, feito por trabalhadores contratados por companhias privadas. Alguns parques públicos contam com esse serviço também, coordenado porém por associações comunitárias, que contratam alguns trabalhadores para fazer a varrição das calçadas ou outras áreas de uso público.
Sempre tive curiosidade em saber a origem da palavra gari. Soube que o apelido dado no Brasil para esses trabalhadores da limpeza pública foi por causa do nome do coordenador desses serviços no Rio de Janeiro, onde, não sabia, era terceirizado para a Companhia Light, uma empresa americana que tinha a concessão de energia elétrica.
Alguém sabe outra versão do apelido dado? Seria interessante saber, ver alguma relação que o povo fez, nesse nosso país tão diverso culturalmente e criativo.
Não sei qual seria o apelido desses trabalhadores, caso existissem por aqui. Margarida em inglês é Daisy. Será que ficaria bem?
Lin Chau Ming é engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Ensino "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo (1981), doutor em Agronomia (Produção Vegetal) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1996) e doutor em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1995). Atualmente é professor titular da UNESP em Botucatú-São Paulo. É editor chefe da Revista Brasileira de Plantas Medicinais. Cursa atualmente o pós-doutorado na área de Etnobotânica na Columbia University, em Nova York. 






















